Qual é a definição de OPEC + e qual é o impacto dela nos preços do petróleo?

A OPEC, junto com aliados como a Rússia, conhecidos como OPEC+, irá se reunir em 2 de junho para debater sobre sua política conjunta de produção de petróleo.
Aqui estão os principais acontecimentos relacionados à OPEC+ e sua função.
Qual é a definição de OPEC e OPEC+?
A OPEC foi estabelecida em 1960 na cidade de Bagdá por cinco países: Iraque, Irã, Kuwait, Arábia Saudita e Venezuela, com o propósito de unir as políticas relacionadas ao petróleo e manter preços equitativos e estáveis. Atualmente, conta com a participação de 12 nações, majoritariamente do Oriente Médio e da África, e representa aproximadamente 30% da produção global de petróleo.
Ao longo do tempo, a OPEC enfrentou obstáculos em exercer sua influência, frequentemente levando a conflitos internos. Atualmente, a tendência mundial em direção a energias mais sustentáveis e a redução do uso de combustíveis fósseis pode eventualmente enfraquecer seu poder de forma significativa.
A OPEC estabeleceu a coalizão OPEC+ em 2016, juntando-se a 10 dos principais países exportadores de petróleo que não pertencem à OPEC, como a Rússia.
A produção combinada da OPEC+ equivale a aproximadamente 41% da produção total de petróleo no mundo. O grupo, liderado por Arábia Saudita e Rússia, tem como principal meta controlar o fornecimento de petróleo no mercado global, com a Arábia Saudita produzindo cerca de 9 milhões de barris por dia e a Rússia cerca de 9,3 milhões de barris por dia.
Angola tornou-se membro da OPEC em 2007, mas saiu do grupo no começo deste ano, devido a discordâncias em relação aos níveis de produção. O Equador abandonou a OPEC em 2020 e o Catar em 2019.
Qual é a dinâmica por trás da influência nos preços globais do petróleo?
Segundo a OPEC, aproximadamente metade das exportações mundiais de petróleo bruto vêm dos Estados membros do grupo. Além disso, estima-se que esses países detenham cerca de 80% das reservas de petróleo confirmadas globalmente.
Por conta de sua significativa participação no mercado, as decisões da OPEC têm potencial para impactar os preços internacionais do petróleo, uma vez que seus integrantes se encontram periodicamente para determinar a quantidade de petróleo a ser disponibilizada nos mercados mundiais.
Dessa forma, quando a oferta é reduzida devido à diminuição da demanda, os preços do petróleo normalmente aumentam. Por outro lado, os preços costumam cair quando o grupo decide aumentar a oferta de óleo para o mercado.
O OPEC+ está atualmente diminuindo a produção em 5,86 milhões de barris por dia, o que corresponde a aproximadamente 5,7% da demanda mundial.
Os membros da OPEC+ concordaram em reduzir a produção de petróleo em 3,66 milhões de barris por dia até o final de 2024. Além disso, alguns membros voluntariamente cortaram a produção em 2,2 milhões de barris por dia, com a expiração prevista para o final de junho.
Na reunião agendada para o dia 2 de junho, existe a possibilidade de prolongar os cortes voluntários por um período adicional, de acordo com informações fornecidas à Reuters por fontes.
Os cortes voluntários estão sendo liderados pela Arábia Saudita, que reduziu sua produção em 1 milhão de barris.
Mesmo com reduções significativas na produção, os preços do petróleo Brent estão próximos de sua mínima deste ano, em torno de $81 por barril, abaixo do valor máximo de $91 em abril. Essa situação é influenciada pela existência de estoques elevados e por preocupações em relação ao crescimento da demanda mundial.
De que maneira as decisões da OPEP se conectam com a economia mundial?
Algumas das interrupções na produção do grupo tiveram impactos importantes na economia mundial.
Durante o conflito entre árabes e israelenses em 1973, países membros da OPEC do mundo árabe impuseram um embargo aos Estados Unidos como forma de retaliação pela decisão americana de fornecer combustível aos militares de Israel e a outros países que apoiavam Israel. Esse embargo incluiu a proibição de exportações de petróleo para essas nações e resultou em reduções na produção de petróleo.
O bloqueio do fornecimento de petróleo afetou a economia dos Estados Unidos, que já estava sob pressão devido à dependência do petróleo importado. Isso resultou em um aumento significativo nos preços do petróleo, levando a custos mais altos de combustível para os consumidores e escassez de combustível no país. Além disso, o embargo colocou os Estados Unidos e outros países em risco de uma recessão econômica mundial.
Em 2020, durante os bloqueios globais devido à pandemia de COVID-19, houve uma queda significativa nos preços do petróleo bruto. Em resposta a essa situação, a OPEC+ decidiu diminuir a produção de petróleo em 10 milhões de barris diários, aproximadamente 10% da produção mundial, como uma medida para tentar estabilizar os preços.
Os preços do combustível são um tema relevante na política dos Estados Unidos, especialmente em um ano eleitoral, o que tem levado o governo a pressionar a OPEC+ para aumentar a produção de petróleo.
A OPEC afirma que seu objetivo é controlar a quantidade disponível e a demanda, em vez dos preços. Os países membros do grupo têm uma grande dependência da receita gerada pelo petróleo, sendo que estima-se que a Arábia Saudita precisa de um preço do petróleo entre US$ 90 e US$ 100 por barril para equilibrar seu orçamento.
Dificuldade em tomar decisões.
Além das reduções na produção, o OPEC+ discutirá os níveis de capacidade de produção de seus países membros neste ano, um tema que gerou polêmica ao longo da história.
O grupo contratou três empresas distintas – IHS, WoodMac e Rystad – para analisar a capacidade de produção de todos os países membros da OPEC+ até o final de junho.
As estimativas de capacidade auxiliam a OPEC+ a definir cifras de produção iniciais a partir das quais são realizados os cortes.
Os países participantes costumam buscar projeções de capacidade mais altas para obter uma referência superior e obter cotas de produção maiores após a implementação de cortes, visando, assim, obter maiores receitas no final.
A demanda por novas cotas surge à medida que países como os Emirados Árabes Unidos e o Iraque aumentam sua capacidade de produção, enquanto a Arábia Saudita, principal produtor da OPEP, diminui os acréscimos à sua capacidade de produção.
A capacidade de produção da Rússia como parte da OPEC+ foi diminuída devido aos impactos da guerra na Ucrânia e às sanções ocidentais.
Por que razão os países optam por fazer parte da OPEC?
Os países que compõem atualmente a OPEC incluem Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Iraque, Irã, Argélia, Líbia, Nigéria, Congo, Guiné Equatorial, Gabão e Venezuela.

Os países que não pertencem à OPEC na coalizão global OPEC+ incluem a Rússia, Azerbaijão, Cazaquistão, Bahrein, Brunei, Malásia, México, Omã, Sudão do Sul e Sudão.
Referências: Informações da Reuters News, do site do Fórum Econômico Mundial, do site da OPEP e do site do Departamento de Estado dos EUA.